Tendências Epistemológicas: Analítica e Histórica
Se estudada com uma perspectiva bem ampla, a historiografia
da epistemologia contemporânea pode ser lida como a manifestação de duas tendências
distintas:
Tendência Analítica
A tendência Analítica se deu pela busca de conceitos e
métodos capazes de explicar de forma lógica e racional as ideias e os
pensamentos. Alguns filósofos, que se baseavam na filosofia empirista e
positivista, criaram uma corrente de pensamento chamada positivismo lógico, que
se centrava em uma filosofia da experiência, as ideias tornavam-se verdadeiras
por meio da experiência. Essa tendência analítica se utilizava da
verificabilidade para a comprovação de suas teorias. Logo depois, perceberam
que precisavam renovar essa teoria, abandonaram esse critério de verificação, e
adotaram a confirmabilidade.
O estudioso Karl Popper, passou a criticar o método
indutivo, como garantia da verdade das observações e conclusões. O método
indutivo se caracteriza como sendo um levantamento a respeito do que está
pesquisando e, assim, chega a conclusões que são gerais e as aplica de forma
universal, ou seja, parte do particular para o geral, baseado nas experiências.
Para Popper (1972), o procedimento indutivo não garantiria a
validade dos enunciados científicos, pois os argumentos resultantes do processo
indutivo poderiam incluir na conclusão um conteúdo não contido nos casos ainda
não observados.
Segundo ele, era exatamente a capacidade de refutar ou
testar a teoria que a tornava científica. Sendo assim, pelas críticas à
tendência analítica, seu conceito ampliou e renovou-se, permanecendo até a
década de 50 do século passado. Esta tendência epistemológica se caracteriza e
possui como princípios o que a filosofia positivista defende.
Tendência Histórica
A tendência histórica surge a partir da década de 50, porém,
torna-se mais presente nas discussões filosóficas nas décadas de sessenta e
setenta. Ela se caracteriza por discutir elementos mais históricos da
epistemologia bem como a revalorização do ser como ser, provido de
conhecimentos racionais, elementos estes não discutidos pela tendência
analítica. Os principais teóricos que discutiram e desenvolveram a tendência
histórica são Norwood Hanson, Thomas Kuhn, Imre Lakatos, Paul Feyerabend,
Gaston Bachelard, Michel Foucault e os teóricos da chamada Escola de Frankfurt,
principalmente Adorno e Habermas.
Mesmo que as reflexões e pesquisas realizadas por tais
pensadores seguissem diferentes direcionamentos e objetivos, o que os une nessa
tendência é exatamente a negação e a contraposição à tendência analítica.
Nesse sentido compreende-se que a tendência histórica lança
inúmeras críticas sobre a tendência analítica. Os teóricos ancoravam-se na
crítica à desvalorização da ação do homem sobre as pesquisas e procedimentos,
pois as conclusões surgiam através da lógica, ou seja, os princípios da
filosofia positivista estavam sendo questionados.
Os principais questionamentos que foram lançados sobre os
princípios da filosofia positivista iniciaram-se com a valorização das
percepções do pesquisador, que a filosofia positivista desvalorizava. Essas
percepções são levadas em consideração pelo fato de o ser humano já possuir um
conhecimento prévio a respeito do que está observando e/ou pesquisando. Outra
crítica que surgiu diz respeito à tese defendida pela tendência analítica de
que há somente um método. A tendência histórica critica tal conceito pelo fato
de acreditar que existem vários métodos e não apenas um único método que
possibilite a investigação científica. Entre várias críticas...
A revalorização da metafísica, a refutação do critério
popperiano de demarcação entre ciência e não ciência, o abandono da ideia da
existência de um método único, a discussão sobre a mudança conceitual e a
crítica à tese dos dados dos sentidos, entre outras, indicam as grandes linhas
traçadas pela ‘tendência histórica’ na epistemologia dos últimos trinta anos.
Nesse sentido, compreendemos que a refutação e os questionamentos lançados
sobre a tendência analítica trouxeram muitas contribuições para a filosofia bem
como para o conhecimento, pois as questões abordadas pela tendência analítica
nos remetem ao desenvolvimento de uma racionalidade instrumental, baseada
apenas em métodos, evidências e verdades comprovadas pela lógica.
Concluindo...
No campo da educação, estas tendências se manifestaram através
das diferentes pedagogias, a analítica falando que o aluno não traz nenhum
conhecimento em si, ele vai aprendendo conforme o ensino rígido, disciplina,
realizando experimentações, a relação com o professor seria apenas de
obediência, como se fosse um estudo militar.
Já a histórica, trouxe muitas mudanças na educação, como
pesquisas, reflexões, dando os estudos com base no que os alunos já sabiam para
ficar melhor de compreender, ensino
através de jogos, aulas mais dinâmicas, vários trabalhos
interdisciplinares, a interação aluno-professor era mais de amizade e companheirismo.
As várias mudanças ocorridas ao longo dos tempos nos
pensamentos e reflexões sobre a epistemologia, ocasionaram inúmeras
transformações boas no jeito de pensar, no ensino do professor, na educação
como um todo, podendo repensar muitas práticas de ensino e concepções sobre
educação.
Referências Bibliográficas:
Livro: "Filosofia da Ciência" de Tatiana Valéria Trevisan